mais perto
quero mais

a torre
de livros
despencou
anunciou
a morte
dizem ai
má sorte
do pobre
do cactus

na paulicéia cai o céu
fiquei presa no trabalho
e agora? o que será?
o trânsito vai me atrasar
vou perder o espetáculo
os trovões do cemitério
os raios no descampado

não ria
que a dor
é fria
arredia
atravessa
a garganta
fechada
vai passando
calada
arrasando
tudo
arrancando
nada
o estômago
vazio
estraçalha
as vísceras
retalha
os ossos
corrói
ai, ai,
isso dói
dói demais

ô, sono
da peste

até então,
rodízio pra mim
só de carne

corre sim o tempo
sem calma ou pressa
corre assim, isento,
leva a vida nessa
de ser meu dono,
o dono das horas

é lá do alto
quase sem querer
me pego espiando
vejo pela janela
vigio os mortos

voltar
para casa
casa?
o lar
estranho
o lar