segunda-feira, 31 de março de 2008

Uma volta muda nada
Uma volta muda tudo
O que desejo mudo
O que desejo tarda

Ilegível, indefinido
Sem mais volta
intangível, impossível
Mas retorna

O sangue aquece
A espinha esfria
Se é assim, esquece

Se não é, desvia
A atenção padece
A vontade esvazia
Há o tempo
do silêncio



(All blues, Miles Davis e John Coltrane)

domingo, 30 de março de 2008

E a chuva cai.

sábado, 29 de março de 2008

Sábado sem sono e com a pele em chamas.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Eu sentei aqui agora para escrever qualquer coisa sobre o nada. Mas, em poucos segundos, já lembrei de algumas coisas que costumam me afastar da ausência de pensamentos e palavras. A questão, na verdade, é que há sempre algo guardado na minha cabeça. Então, hoje, na falta de sono, eu vou desabafar esse desonesto post imaginário que carrego diariamente na mente. É só um pensamento insistente. Uma idéia fixa que me persegue em todos os meus dias. Uma pendência que, no futuro, ainda será chamada de passado. Mas, no presente, não passa de um vômito atordoado e sem qualquer sentido para vocês. E, digo mais, é só um devaneio inútil. Pois, é um sentimento fugaz. Por mim, aliás, devidamente julgado e condenado. Mas falta cumprir a sentença.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Devia saber mais
Mas não sei
Devia dizer mais
Mas não digo
Devia querer mais
Mas não quero
Devia sentir mais
Mas não sinto
Devia parar mais
Mas não paro
Devia calar mais
Mas não calo
É teimosia, aliás
Tudo o que faço

terça-feira, 25 de março de 2008

Um giro malfeito e pronto. Lá está a sanidade de cabeça baixa. Dando espaço à loucura. Abraçando a instabilidade. E, deixando tudo como está. Sem ter reação. Só aguardando rodar de novo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

It doesn’t really matter,
don’t you worry
it will all work out


(Exitlude, The Killers)

domingo, 23 de março de 2008

cai a chuva
chorando o céu
essas angústias
as minhas
as suas
levadas ao léu
lavadas no tempo
lágrimas secam
no meio da rua

quinta-feira, 20 de março de 2008

Eu tô indo é ver o mar que eu tenho menos o que fazer.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Sabe, nem tudo o que se escreve antes de deitar faz muito sentido ao acordar.
Era o inesperado. Não sabia lidar com isso.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Uma chuva pesada
A calçada molhada
Um calor abafado
No chão que fervia
A cidade ao meio-dia

domingo, 16 de março de 2008

de repente
era um azul
azul azulado
azul acinzentado
azul amarelando
azul amanhecer

sexta-feira, 14 de março de 2008

Roubaram-lhe as idéias. E isso a maltratava como nunca. Não pelo roubo em si. Pois, sabia que outras novas viriam. Mas o que lhe fazia mal era a ingenuidade. A sua própria. Ainda sim, a cada uma que lhe era levada, sofria. No fundo, sabia que as idéias não lhe pertencem. Nem a mais ninguém. O mesmo era com as pessoas. Elas são por outras apropriadas. E, ninguém é de ninguém. Assim como as suas idéias. Não são mais suas. Roubaram-lhe as idéias.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Wow, after I jumped it occurred to me life is perfect, life is the best, full of magic, beauty, opportunity... and television... and surprises, lots of surprises, yeah. And then there’s the best stuff of course, better than anything anyone ever made up, 'cause it’s real.

(Never let me go, U2)

se em alguns anos
não me apaixonar
novamente
mando avisar
decretem falência
desliguem os aparelhos
e escrevam tranqüilos
na minha legenda:
aqui jaz um coração

quarta-feira, 12 de março de 2008

Outro dia, vi você novamente. É verdade. De vez em quando, eu vejo você em outros caras. Lembra? Eu já falei isso para você uma certa vez. De novo, era um moço com o seu perfil. Um novo rapaz. Um outro qualquer. Quando isso acontece, fico aqui só pensando uma mesma coisa. É algo que fica martelando na minha cabeça. Por um bom tempo. Imagino: quantos narizes iguais ao seu eu vou precisar ver até passar uma vontade maluca que tenho de você?

terça-feira, 11 de março de 2008

- Oie. Você tem horas?
- Não uso relógio.
- Ah! Poxa...
- Tá. Vou te dar uma trégua e olhar no celular. São 21h15.
- Obrigado. Mas, diz uma coisa, você vem sempre por aqui?
- Trégua novamente. Venho sim. Sempre que eu preciso de pão.
- Ah! Legal. Eu sou carioca. Achei o Recife lindo. Mas tem gente dizendo que é perigoso. É verdade?
- É verdade.
- Mas não é como o Rio.
- Não, já é bem pior.
- Sério?
- Sério.
- Fala a verdade, é só para espantar os turistas.
- Boa idéia, não tinha pensado nisso.
- Ah! Fala sério, passei cinco dias aqui, fui para balada e não vi violência alguma. Hoje, eu volto pro Rio de Janeiro.
- É?
- É, de madrugada.
- Boa viagem então.
- Obrigado.
- De nada. Agora, tenho que ir na prateleira do leite.
- Ah! Já vai? Então, só uma última coisa. Que horas são mesmo?
- 21h23 [após meter a mão na bolsa e pegar o celular de novo].
- Valeu o papo, garota. Se for ao Rio...
- Aham...
- Tchau.
- Tchau.

Oito minutos de conversa de padaria ou breve teste de boa vontade com o guri na tentativa de um dia me tornar melhor.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Não decoro mais falas. No final, é tudo improviso mesmo.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

(Ausência, Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 9 de março de 2008

Hoje é domingo e o meu cérebro não quer mesmo funcionar. Só porque eu preciso muito dele. Mas ele só entende o contrário.
Um tiro. Um corpo. Uma funerária. Um cemitério. Tudo isso seria bem lógico, se houvesse qualquer ligação nisso tudo. Mas não tem. O único sentido era a morte no caminho por onde passei.


P.S - Não foi nada.

sábado, 8 de março de 2008

Cantei o vento para ver se ele me aparecia, mas não deu sinal. Algo me diz que desafinei, pois não balança uma folha na cidade.

sexta-feira, 7 de março de 2008

- E ai, beleza?
- Beleza.
- O que tem feito de bom?
- Nada, praticamente.
- Nada como?
- Nada, nada.
- Mas por que isso?
- Falta vontade.
- Sério?
- É sério, claro.
- Mas não tem vontade de nada?
- Não... ou melhor, tenho sim.
- De que então?
- De sair correndo.
- Correndo pra onde?
- Não faço idéia, mas tenho vontade.
- E, por que não faz?
- Não sei. Acho que [ainda] é preciso ficar.
- Meu Deus, e quem é que entende essa criatura?
- Ninguém.

quinta-feira, 6 de março de 2008

em campos alheios
plantavam-se ilusões
para cultivar a culpa
de uma colheita cheia
das suas decepções

quarta-feira, 5 de março de 2008

Já que não será o coração, sinto que a qualquer hora dessas o calor vai derreter o meu juízo. É só uma questão de tempo.

terça-feira, 4 de março de 2008

Your head will collapse
If there's nothing in it


(Where is my mind, Pixies)

Até o estado de tontura eram voltas e mais voltas. Corria sempre ao seu redor. Algumas dezenas de quilômetros para lugar nenhum. Nem sequer cogitaria uma parada. Pois, estava clara a lembrança. Etérea mesmo é essa vida. Ela se evapora com o passar do tempo. E, muitas vezes, nem sequer consente ir atrás do que se foi.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Com sorte, algumas tolas palavras não vão dar sustentação às ilusões alheias. Ultimamente, mal dou conta das minhas.
Naquela manhã de segunda, ao lançar o cuspe no chão da Avenida Cruz Cabugá, o motorista da caminhonete da Secretaria de Saúde da prefeitura do município de Tacaimbó (PE) nem imaginava que a saliva viraria vapor antes mesmo de chegar ao calor do asfalto.
É que o Recife anda mais quente nos últimos dias.

domingo, 2 de março de 2008

Há dias em que um pensamento extra pode ser demais.

sábado, 1 de março de 2008

One is the loneliest number
That you'll ever do
Two can be as bad as one
It's the loneliest number since the number one


(One, Aimee Mann)