sábado, 30 de junho de 2007

Someone like you I ain't never had
Maybe I'm asking too much, baby
Oh but I want you, I want you so bad


(I want you so bad, B.B.King)
Impulsos escrotos
Despem o coração
Atiçam os desejos
E vão embora
Ao amanhecer
Se me permitido fosse
Uma confissão sincera
Diria aqui honestamente
A razão não reina mais

Pois, atrás do consciente
Está uma mente atolada
Que sem vontade de nada
Implora um pouco de paz

quinta-feira, 28 de junho de 2007

O homem anulado
Sonhava acordado
De peito apertado
Chorava acuado
Rezou ajoelhado
Meu Deus abençoado
Não sou acostumado
A ser assombrado
Se um jogo arriscado
Lhe fosse adequado
Teria apostado
Um amor azulado

quarta-feira, 27 de junho de 2007

"Tem um pé no chão e outro na cama"

(*) Observação genial.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Perdoem-me
A tristeza
A instabilidade
A ambigüidade

Desculpem-me
A sinceridade
E um ocasional
Disparate

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Tem mais samba no peito de quem chora
Tem mais samba no pranto de quem vê
Que o bom samba não tem lugar nem hora
O coração de fora samba sem querer


(Tem mais samba, Chico - por outros)
Não há NADA a perder.
Afinal, não tinha NADA.
NADA disso.

domingo, 24 de junho de 2007

A quem encontra
Uma alma boa
Que não destoa
Não sente o mal

A quem deseja
Uma vida pronta
Sem medo conta
O provável final

A quem precisa
De uma paixão
Não vê razão
Só é visceral
Cento e quarenta
Pisei sem parar
Posso decidir
Escolho o sono

Eu fui e voltei
Acalmo a alma
Só quinhentos

sábado, 23 de junho de 2007

Não, meu querido
Eu não quero ser
Porra nenhuma

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Observei aquele rapaz
Naquele instante
Vi sua imagem nele
Roubei-lhe a condição
De ser belo e admirado

Não é ninguém o rapaz
Não tem mais uma vida
É apenas a lembrança
Daquele outro distante
Sem o papel principal

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Convoco a tristeza
Sem qualquer cerimônia
Para me dar um abrigo
E não falar de amor
Assim posso viajar
E viver o oculto
Porque isso é a vida
Que não é para todos
Se não acredita
Saiba que o que vê
Não é a realidade
É só ilusão infantil
O comprimido
Leve assim é
Cabe na pontinha
Abre o caminho
Deita e dorme
Inventa os sonhos
Levanta o amanhã

terça-feira, 19 de junho de 2007

Havia esquecido do ciúme
Lembrei dele em dois momentos
Hoje, na poesia e na prática

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Disseram que devo meditar
Que preciso conversar com Deus
Pra acabar com a minha insônia
Pra me livrar das dores

E agora? O que eu faço?
Alguém me empresta um?

domingo, 17 de junho de 2007

I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door


(White Flag, Dido)

Um apelo
Pelo silêncio
Por um segundo
Sem angústia
Nem tristeza

Um apelo
Pela cor do dia
Por um momento
Com alegria
E beleza

Um apelo
Por felicidade
Mas, o que é feliz?
Considere-me aqui
Viva apenas

sábado, 16 de junho de 2007

Dor
Por favor
Suma daqui
Por você, sou Lóri. Cultivo loucuras sem ser doida. Tenho medo do coração nu, submisso. Controlo ânsias que me corroem. Sigo impulsos que só destroem. Desfaço aquilo que havia planejado. Deixo você esperar que eu espere. Sinto-me extremamente satisfeita em simplesmente não compreender nada, porque entender deixaria tudo um verdadeiro tédio. Indago o Deus das pessoas. Aquele em quem não acredito. Admiro o silêncio. Sim. Pois, mesmo em meio ao tormento, há silêncio e conforto.

O silêncio é solitário e gratificante.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Take a chance, play your part
Make romance, it might break your heart


(Don´t Wait Too Long, Madeleine Peyroux)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Porque você existe
Meu coração insiste
Em esquecer que é triste
E dessa forma assiste
O sentimento ser

Porque você existe
Meu momento excede
E ao mesmo tempo mede
O ninguém mais pede
Só pelo simples saber

Porque você existe
Minha ilusão é pronta
E uma idéia monta
Busca perdão e conta
As razões de doer

terça-feira, 12 de junho de 2007

Se não encontro ao menos lucidez
Nos pensamentos do momento vago
Poderia ousar intuir o estrago
E aceitaria abrigo na escassez

Mas nada compensa a insensatez
Da solidão ou a ausência do afago
Daquela boca vem o beijo amargo
E, do seu sorrir, uma falsa timidez

Já acostumado a cultivar a dor
Pois, meu peito vermelho se debate
Do mal feito, resto eu, devedor

Com órgão ferido que insiste e bate
Não poderá sequer sentir o amor
Sem jorrar esse líquido escarlate
- Façamos um trato, garota. Agora, eu me apaixono por você e você por mim.

- Tá bem. Nós dois, ambos com a ferida aberta, com os desejos presos, vamos curar a dor do outro. Depois, como punição, sentiremos novamente a dor, mas, dessa vez, virá em dobro.

- Na verdade, acredito que poderemos usufruir dessa dor e transformá-la em prazer.

- Não creio, pois sou prisioneira dela. O prazer se traduz pra mim como o intangível. Digo, o prazer de sentir. Mas, não a dor, a dor é mais real, é vigente, permanente, crescente, tem o controle de mim, eu a sinto por dentro e por fora. Sempre.
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Encontrei a forma, agora falta a inspiração.

domingo, 10 de junho de 2007

Despiu-se lentamente de luz
Na cidade caótica das sombras
Desejava a loucura mais lúcida
Deixou-se devorar sem pudores

Daquele corpo nu do homem perdido
Alimentava-se, nutria sua vaidade
Enchia seu ego de vitória e alegria
Sentiu uma dor profunda, que esvazia

Foi quando tocou as orelhas geladas
Que um dia foram leves, delicadas
Simulavam a morte do sentimento

No sussuro preso do momento
Ecoava um choro seco no silêncio
Cheio de cólera e solidão

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não há como lidar bem com esta ausência de objetivos. Displicência de sentimentos. Carência de um par. O par, aliás, é em sua essência ilusão. Torna-se sempre ímpar. Causa os danos. Esses, por sua vez, são sempre acompanhados de clichês. E o senhor de todos eles se chama "tempo". Vai passar com o tempo. E enquanto não passa?
Depois da queda, foi a hora de completar todo o cronograma da vida. Ficou todo preenchido. Um verdadeiro desespero. E agora? Agora, descobri que preciso arrumar mais espaço. Criar os chamados vazios. Para ficar de pernas pro ar. Para não dar satisfações sociais. Para tirar férias das pessoas. E de mim.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Na hora da despedida, as palavras foram diretas. Como já existia uma ferida, essa estava novamente aberta. Ao olhar pela janela fria, a paisagem não era a mesma. Estava seca, deserta. Sopravam ares de solidão. Ouvia-se a ausência de sentimento. Se antes havia emoção naquele lugar, agora é uma sala vazia. Mas, lá, além do desassossego, habitava também uma menina. Uma garota discreta. Acreditava em tudo. Acreditava demais. Mais do que devia. Mais do que o permitido. Um dia ela resolveu acreditar que a paixão conserta aquilo que o amor não acerta. Mas, não. Isso não é verdade. Não passa de uma afirmação insana, distante da verdadeira compreensão do mundo. Incerta.
Tristeza não tem fim, felicidade sim

(A Felicidade, Vinicius de Moraes)