sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ouvia o silêncio. Mas a noite estava inquieta. Pegou o copo. Pôs apenas duas pedras de gelo. Era o costume. Segurava a garrafa bem firme. Não adiantava. O homem tinha as mãos trêmulas. Era um impaciente. Sempre derramava parte do líquido para fora do recipiente. Era o mesmo ritual. Isso o fazia responsável pelo som noturno que ouvia. Lembrou o quanto estava só. Era tão sozinho o tal infeliz que poderia ouvir o eco em sua alma. E, na ausência de um par, sentia aquela perturbação tola. Mas não muita. Lembrou que isso o tornava um ser humano. Igual a todos os outros tolos. Por isso, podia parar de pensar um pouco naquele momento. Ele precisava beber cada gole bem devagar. Queria é sentir o queimar da bebida na sua goela seca. A garganta já era viciada no ardor do álcool. Era essa a sua penitência. E, assim seria, diariamente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Qq vicio traz uma compensação, mesmo inconsciente.

Milena disse...

O vício é um prazer e o prazer vicia, né?