sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei."


(Clarice Lispector)

* Há dias, passo parte do tempo pensando insistentemente em meus impulsos. Sempre costumo seguir em frente, mesmo quando pressinto um erro. Isso me assusta. Por coincidência, uma querida amiga me enviou por e-mail o trecho acima, que foi escrito por Clarice. Ela disse tudo. Exatamente tudo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando comecei a ler, achei que era seu, não da Clarice...
Impressionante como alguns escritores descrevem o que a gente sente, não é?
Como vc, tbém me identifiquei.
Sabe, errar faz a gente aprender, mas acho que estou cansada de errar.

Anônimo disse...

arrepiei
djow