sexta-feira, 29 de agosto de 2008

o suor
o tempero
da noite

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

a espera
sempre ela
sempre séria
sem ter porque

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Space may be the final frontier
But it's made in a Hollywood basement


(Carlifornication, Red Hot Chili Peppers)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."

(A perfeição, Clarice Lispector)

domingo, 24 de agosto de 2008

é domingo
foi embora
alta e fria
madrugada

sábado, 23 de agosto de 2008

um café
expresso
sem açúcar
com você

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

tão longe, tão perto

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma."


(Não sei quantas almas tenho, Fernando Pessoa)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

a flor e o vento
travaram uma luta
elegeram o mar
o juiz da disputa
duelaram na areia
por horas e horas
até o fim do dia
até um sucumbir
no exato momento
da lua plena surgir

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

não há versos
na madrugada
a noite hoje
enluarada
fez-me muda
levou-me longe
das palavras

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

"Ela entregaria o próprio coração para ser mordido, ela queria sair dos limites de sua própria vida como suprema crueldade"

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

[,]
no começo
do caminho
já havia
uma vírgula

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

No meu calendário anual, março e agosto acontecem sem muito propósito. Geralmente, não sabem para que vieram. Isso porque, todos os anos, os dois meses costumam se enfrentar para ver quem leva a pior. Em 2008, contudo, agosto levou março direto à lona no 1º round. Um golpe decisivo. Vou chamá-lo de "o retorno de Saturno". Nocaute.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os meus notívagos olhos ardem. A claridade contrai as pupilas. A visão é ofuscada. As pálpebras afundam um pouco. Surgem os círculos escuros. A retina turva. A luz do dia cega.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"O escafandro torna-se menos opressivo e o espírito pode vagabundear como uma borboleta"

(Le scaphandre et le papillon, Jean-Dominique Bauby)

domingo, 10 de agosto de 2008

Um arco-íris completo faz um sábado colorido.

sábado, 9 de agosto de 2008

Este post não será publicado. Houve erro de comunicação.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Enquanto aguarda, a vida insiste. Acontece diante dela. E o tal amanhã já não espera o dia. Aparece sempre antes do tempo. Não anuncia para que vem. Não marca hora. E nem pergunta a ninguém, se pode chegar. Ele simplesmente chega. Está aqui. Diariamente.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

I feel wherever I go that tomorrow is near,
tomorrow is here and always too soon


(Speak low, versão Billie Holiday)

Há dias, um ruído a perturbava. Um som insistente que a distanciava dos demais. Parecia até que um grito constante estava abrigado nela. Morava nela. Era violento. Ensurdecedor. Tão intenso que agora já não escutava nada. Nada mais. Nem ninguém. Era o silêncio. Abateu-se. Optou pela lucidez. Desistiu da euforia. Agora, não vive mais por ai. Nunca mais ébria por ai. Esconde-se na contenção do ser. Está morta. Quase seca. Aqui jaz uma vida intensa e etérea. De tanto resistir, ela sucumbiu. Dizem que, ainda jovem, morreu de tédio.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O tema é livre. A escrita é torta. As palavras trêmulas. As linhas imaginárias. Os calos nos dedos. Um tecido grosso. E a pele? Morta.

domingo, 3 de agosto de 2008

I wish I could say no regrets
And no emotional debt


(Tears Dry On Their Own, Amy Winehouse)

sábado, 2 de agosto de 2008

E agora, José?
Já é hora de ir
É preciso partir
É agora
Vai sim, menino
Deixa a saudade aqui
Que o tempo é seu
Não vai doer nada
Não diz adeus
Até logo basta

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele."

(Clarice Lispector - trecho de Perdoando Deus do livro Felicidade Clandestina)
Meus soluços. Pela amizade. Pela aflição. Pela emoção. Pelo nó. Pelo abraço. Pelo contato. Pelo cuidado. Pelo estado de graça. Pelo fim da farsa. Pelo carinho. Pelo voltar a sentir. Pelo existir. Pela saudade. Minhas lágrimas.