sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A solidão e sua porta
            (Carlos Pena Filho)

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

Pena - Vídeo (23 minutos)

Parte 01 - Parte 02 - Parte 03 - Parte 04

6 comentários:

Madame Mim disse...

Mas que coisa mais triste, mocinha azul!Vou ver se tenho coragem de olhoar o vídeo, deu até calafrios.:P

Milena disse...

Engraçado, querida, ganhei justamente o soneto no passado quando estava muito triste... E a pessoa teve a intenção de me dar esperança, de me sugerir força dentro daquela realidade.. Poesia é assim mesmo! Interpretações!

=)

Beijos!

lampejo disse...

Adorei a reportagem...

O soneto é lindo.
Li-o com especial atenção, pois de certa forma enquadra-se no espírito de alma que actualmente atravesso.
Acho que o vou publicar no meu blog.

Beijinho.

Milena disse...

Bom que gostou! Legal que publique no blog... Tenho outra indicação dele:

Soneto do Desmantelo Azul

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Carlos Pena Filho

Anônimo disse...

Esse do azul eu AMEI!

Silêncio disse...

"lembra-te que afinal te resta a vida
...
com tudo que é insolvente e provisório"

O vídeo, maravilhoso.
O soneto, igualmente.

Show de bola, guria!